O rapper Sean "Diddy" Combs aguarda a leitura da sentença em um caso que envolve duas acusações de prostituição, com data marcada para o terceiro de outubro. A defesa busca leniência com base em depoimentos de ex-acompanhantes que teriam participado de encontros privados, e pretende apresentar ao juiz um material elaborado para sustentar sua argumentação. Por outro lado, a promotoria federal afirma que boa parte dessas declarações registradas na fase pré-julgamento deve permanecer sob sigilo público, dificultando a divulgação.
Contexto do caso e veredicto do júri
O julgamento, realizado ao longo de seis semanas, foi encerrado no dia dois de julho, com Combs absolvido das acusações de tráfico sexual e conspiração de extorsão, e condenado por duas acusações menos graves de transportar pessoas entre estados com a finalidade de prostituição. Segundo as autoridades, o empresário organizou encontros chamados “freak offs”, que teriam envolvido várias pessoas cruzando fronteiras estaduais em sessões de duração prolongada. Entre as testemunhas estiveram Cassie Ventura, parceira de longa data, e uma ex-namorada que depôs sob o pseudônimo de "Jane".
O que está em jogo com os depoimentos pré-julgamento
Durante o julgamento, a promotoria apresentou um collage de vinte e sete acompanhantes supostamente contratados para os encontros. A promotora federal Christy Slavik descreveu a montagem para os jurados: "Este slide mostra apenas uma parte dos acompanhantes que tiveram relações com Jane e Cassie nesses ambientes por horas e dias, sob efeito de drogas, cobertos de óleo, doloridos e exaustos".
Este slide mostra apenas uma parte dos acompanhantes que tiveram relações com Jane e Cassie nesses ambientes por horas e dias, sob efeito de drogas, cobertos de óleo, doloridos e exaustos, segundo Christy Slavik.
É incerto quantos desses vinte e sete acompanhantes deram depoimentos pré-julgamento à acusação ou quantos deles deverão ser contados como vítimas nas próximas peças do processo. A defesa argumenta que não existem vítimas entre esses indivíduos e que os depoimentos feitos fora do tribunal não devem ser tratados como evidência confidencial ou até mesmo serem redigidos. A promotoria, por sua vez, mantém a posição de que tais declarações devem permanecer confidenciais quando não testemunharam no caso, e que devem influenciar o cálculo da pena. O juiz ainda não decidiu se a defesa deverá redigir os nomes de todos os acompanhantes que não testemunharam em seu memorando de sentença, bem como se tais nomes devem permanecer sob sigilo. A defesa também solicitou mais tempo — e um aumento no limite de páginas — para preparar o memorando de sentença, que já tinha um teto de vinte e cinco páginas para cada lado. O juiz Subramanian havia fixado esse limite e pediu que o material estivesse pronto até a próxima sexta-feira; a defesa pediu para anexá-lo até segunda-feira, buscando ampliar o espaço de argumentação.
Impacto e implicações na pena
O veredito mantém o quadro de que Combs enfrenta uma pena máxima de até dez anos para cada uma das duas acusações, totalizando até vinte anos de prisão, caso condenado integralmente. Os promotores indicaram que deverão buscar, no mínimo, cinco anos de prisão no conjunto das acusações. Contudo, o número de “vítimas” a ser considerado no cálculo final pode alterar de forma significativa as recomendações de sentença. Além disso, os investigadores pretendem levar em conta o histórico de violência e uso de drogas apresentado durante o julgamento para fundamentar a decisão final. A defesa sustenta que não há necessidade de prisão com base em uma evolução pessoal e compromissos públicos de mudança, incluindo a disponibilidade de atuar como promotor de prevenção à violência doméstica. A defesa também argumenta que as acompanhantes não devem ser tratadas como vítimas para fins das contas da pena.
"A Governo tem adotado a visão de que vários acompanhantes masculinos, que consentiram com a atividade sexual com Sra. Ventura e Jane, são agora considerados vítimas sob o significado das diretrizes federais de pena," escreveu a defesa. "Esses indivíduos não testemunharam e pretendemos resumir suas narrativas ao governo para o tribunal."
Próximos passos no tribunal e perspectivas futuras
O juiz Subramanian não revelou quando deverá proferir a decisão sobre as solicitações de redaction, bem como sobre a extensão de tempo e o limite de páginas para o memorando de sentença. Enquanto isso, o caso continua em fase de preparação para a leitura da sentença, com a data marcada para o terceiro de outubro. As partes deverão apresentar argumentos pré-sentenciais adicionais, dentro ou fora de sigilo, conforme o entendimento do juiz.
Contexto adicional e implicações amplas
Combs permanece detido desde a prisão em setembro de dois mil e vinte e quatro. O desfecho do caso pode influenciar discussões sobre o alcance dos depoimentos de acompanhantes não testemunhas no âmbito de acusações federais e sobre como o sistema de justiça trata casos de prostituição envolvendo celebridades. As próximas semanas deverão trazer mais clareza sobre a forma como o tribunal equilibra o direito à transparência com a necessidade de confidencialidade em investigações sensíveis.