A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensais promete injetar recursos significativos na economia, segundo especialistas. A medida, aprovada por unanimidade na Câmara dos Deputados, deve beneficiar cerca de 15 milhões de contribuintes a partir de 2026, tornando-os isentos ou reduzindo o imposto pago. Contudo, a pressão sobre a inflação e a taxa de juros são pontos de atenção destacados por economistas.
As análises indicam que famílias de baixa renda, que tendem a gastar mais com a renda adicional, serão as principais favorecidas. Em contrapartida, os especialistas alertam que o estímulo ao Produto Interno Bruto (PIB), ao elevar os gastos da população, pode resultar em um aumento dos preços, requerendo atenção redobrada do Banco Central em suas decisões sobre a taxa Selic.
Conforme André Valério, economista sênior do Inter, a isenção representa um "grande choque positivo de renda disponível" para a população. Ele projeta que a transferência de renda possa chegar a R$ 32,8 bilhões em 2026, o que deverá impulsionar o consumo em setores como educação, serviços pessoais e alimentação, elevando a atividade econômica.
Entretanto, com um aumento esperado na demanda, os preços naturais dos serviços podem sofrer impacto, especialmente em um contexto de adaptação econômica. Leonardo Costa, especialista da área, reitera que o ganho de renda para as camadas mais baixas deverá aquecer o consumo, embora a pressão sobre a inflação varie dependendo do consumo das faixas de renda mais altas.
O debate sobre o impacto das novas regras também se estende ao mercado de trabalho. As empresas precisarão se adaptar a uma estrutura fiscal mais complexa e revisar seus custos trabalhistas, fazendo ajustes nas suas estruturas internas. Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, reforça que a maior taxação sobre altas rendas também poderá acelerar reestruturações patrimoniais e ajustes societários.
Portanto, o desafio impulsionado pela isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil é o equilíbrio entre o estímulo ao consumo e o controle da inflação, fatores que podem moldar o futuro econômico do Brasil nos próximos anos. Com a expectativa de um ciclo de cortes na taxa de juros começando em 2026, a performance do Copom será essencial para a estabilização econômica já que taxas elevadas tendem a restringir a liberalização econômica.