Despreparo das Prefeituras é Alarmante
Quase um ano e meio após as devastadoras enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, resultando na morte de mais de 180 pessoas, uma nova pesquisa revela que as prefeituras no Brasil ainda não se prepararam adequadamente para eventos climáticos extremos. Segundo um estudo da Transparência Internacional-Brasil, apenas 13% das 233 cidades analisadas, abrangendo oito estados, possuem e divulgam planos de adaptação às mudanças climáticas.
Os planos de adaptação são essenciais para identificar áreas mais vulneráveis a inundações, deslizamentos de terra e outras calamidades que podem ser potencializadas por condições climáticas adversas. A pesquisa destaca que a falta desses planos demonstra uma "fragilidade institucional para enfrentar riscos climáticos" e aumenta a vulnerabilidade da população, dificultando o acesso a recursos destinados à adaptação.
Baixa Adesão a Planos Estruturais
O levantamento ainda aponta que apenas 8,5% dos municípios têm elaboração dos quatro planos críticos — plano diretor, plano de habitação, plano de saneamento básico e plano de resíduos sólidos — necessários para enfrentar as mudanças climáticas. Além disso, apenas 5% dos municípios contemplam verbas para lidar com a crise climática. O estudo também aponta que menos da metade (42%) das cidades reserva orçamento para a Defesa Civil e apenas 38% desenvolveram um plano de contingência, crucial para a preparação diante de desastres.
A Importância do Mapeamento e Planejamento
O mapeamento de áreas de risco e um bom planejamento são fundamentais para que as cidades enfrentem a crescente crise climática. Contudo, gestores muitas vezes ignoram esses riscos, atribuindo as tragédias climáticas apenas aos desastres naturais. Enquanto houve chuvas excepcionais, como as que causaram estragos no Rio Grande do Sul, a preparação adequada pode salvar vidas e mitigar danos. Uma boa notícia é a recente entrada em operação de um novo supercomputador pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que promete melhorar a precisão na previsão do tempo a nível de bairro, um avanço considerado vital tanto para a agricultura quanto para a prevenção de desastres.
A Necessidade de Resposta Rápida
No entanto, possuir informações sobre eventos extremos não é suficiente se as cidades não estão preparadas para reagir rapidamente. As catástrofes climáticas têm evidenciado a urgência de ações preventivas e o quão desafiador se torna tudo quando as inundações ocorrem. Muitas vezes, a Defesa Civil encontra dificuldades em agir, resultando em cenas dramáticas de pessoas presas em telhados em busca de socorro. Portanto, a importância de ter planos e estratégias organizadas para enfrentar eventos extremos é premente. As mudanças climáticas não darão trégua, e a única estratégia viável é estar preparado para enfrentá-las.