A História e os Heróis do Conflito
A história das guerras frequentemente ensina sobre combatentes heróicos e suas conquistas. As narrativas incluem condecorações e homenagens, mesmo que muitos acabem sendo esquecidos. Na Guerra do Vietnã, por exemplo, temos a história do coronel William Nolde, que se tornou conhecido por ser o último soldado americano a morrer no conflito, apenas poucas horas antes do cessar-fogo em 1975. Da mesma forma, Charley Havlat, o último aliado a tombar na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, foi morto dez minutos antes da rendição da Alemanha em 1945.
O Cessar-Fogo em Gaza
O recente cessar-fogo em Gaza, promovido pelo presidente Donald Trump, sugere um desfecho diferente. A população civil de Gaza, junto aos reféns sequestrados em 7 de outubro de 2023, deve ser o foco principal. Neste contexto, é difícil apontar heróis militares, uma vez que a guerra se mostrou amoral, exigindo que a voz dos civis prevaleça.
A Força das Palavras e o Silenciamento
As palavras têm o poder de transformar, como expressou Ursula K. Le Guin, mas em Gaza, esse poder foi drasticamente reduzido. A jovem Taqwa Ahmed Al-Wawi, em um artigo para a revista The Nation, descreve o silenciamento enfrentado pela população de Gaza. Para ela, a comunicação tornou-se um desafio físico e emocional, onde expressar pensamentos simples se tornou um enorme esforço. Ela enfatiza a sensação de um "entorpecimento emocional", resultado da exposição contínua à violência e destruição.
Os Efeitos da Violência na Linguagem
A incapacidade de encontrar as palavras certas tornou-se uma realidade diária. Termos como "lar" e "amigo" perderam seu significado, refletindo a devastação que a população experimenta. Taqwa argumenta que a linguagem, antes uma representação dinâmica da experiência humana, agora mal consegue acompanhar a magnitude da destruição em Gaza.
Resistência e Linguagens Alternativas
A jovem palestina também aborda uma linguagem alternativa que surgiu do trauma e da dor. Alternativas que não se limitam às palavras: gestos, olhares e a presença silenciosa se tornaram formas de comunicação essenciais. Essa comunicação não-verbal é uma maneira de expressar solidariedade e compreensão em meio ao silêncio, que grita na desolação.
Uma Nova Forma de Expressão
Entre os escombros de Gaza, outras linguagens têm florescido. Os murais coloridos e os desenhos infantis são testemunhos de sonhos e resiliência. Taqwa expressa sua luta através da escrita, buscando uma conexão com o mundo fora de Gaza e reconhecendo que o silêncio carrega uma profunda mensagem de humanidade compartilhada, marcada pela dor. É um apelo para ouvir esse silêncio e aprender a reconhecer a luta contínua por significado e comunicação.