Proposta Inovadora para a ONU
A proposta de transferir a sede da ONU de Nova York para Nairóbi, no Quênia, visa alinhar a organização com os desafios contemporâneos do Sul Global, simbolizando renovação e eficiência. Essa mudança não apenas reduziria custos, mas também reforçaria o papel da ONU em crises africanas, promovendo justiça e equidade.
A Necessidade de Mudança
Desde sua fundação em Nova York, há oito décadas, a Organização das Nações Unidas tem sido um símbolo de esperança e cooperação internacional. No entanto, o mundo de 1945 mudou drasticamente, com desafios contemporâneos se concentrando cada vez mais no Sul Global. A sede da ONU ainda permanece em uma das cidades mais caras e politicamente restritivas do mundo, gerando um descompasso entre sua localização e a realidade atual.
Razões para Transferência
O momento é oportuno para debater a ideia de transferir a sede principal da ONU para o continente africano. A mudança não seria apenas pragmática, com a perspectiva de economizar significativamente em custos operacionais, como também seria um gesto simbólico de renovação institucional. Nairóbi poderia oferecer uma economia estimada de 50% a 60% nos gastos, utilizando a infraestrutura já disponível no complexo da ONU em Gigiri.
Nairóbi: Um Centro Estratégico
Nairóbi se apresenta como um hub logístico com conexões aéreas para países africanos, Europa, Ásia e Oriente Médio, facilitando a participação de países em desenvolvimento que enfrentam dificuldades financeiras e burocráticas para acessar Nova York. A localização estratégica permitiria à ONU responder de maneira mais ágil às crises e desafios que hoje marcam o continente africano.
Igualdade e Proximidade
A mudança para a África reforçaria o diálogo com líderes comunitários e especialistas locais, tornando as decisões da ONU mais contextualizadas e relevantes. Além disso, transferir a sede para o Quênia reafirma o princípio da igualdade soberana entre os Estados-membros, livres de pressões unilaterais.
Um Futuro para o Multilateralismo
Transferir a sede da ONU para Nairóbi não é apenas uma questão de eficiência. O multilateralismo do século XXI exige instituições mais representativas da diversidade global. Permanecer em Nova York pode significar uma relação de irrelevância à medida que a África busca seu espaço na governança global. O Quênia não é apenas um candidato viável; ele simboliza a renovação que a ONU necessita para se conectar genuinamente com os desafios do Sul Global.
Daniel Balaban é diretor do Programa Mundial de Alimentos da ONU no Brasil.