Desafios diante da crise climática na COP30
A Conferência das Partes (COP30), prevista para novembro deste ano em Belém (PA), posiciona-se como um evento crucial no combate às mudanças climáticas. Um dos principais focos do encontro é a urgente necessidade de eliminar, de forma progressiva, o consumo de combustíveis fósseis. Como alertam os especialistas, Paulo Artaxo e Thelma Krug, essa ação é vital para que as metas do Acordo de Paris sejam cumpridas, além de assegurar um futuro sustentável para as próximas gerações.
A transição energética e suas consequências
A transição energética justa, que propõe o incentivo a fontes renováveis como solar e eólica, se torna central para limitar o aumento da temperatura global e proteger ecossistemas essenciais, como a Amazônia. O convite à ação inclui discussões sobre proteção florestal e adaptação às mudanças climáticas, mas enfatiza que sem uma abordagem focada na eliminação do uso de combustíveis fósseis, os esforços em outras áreas podem ser insuficientes.
Crescimento das emissões e suas repercussões
Apesar dos 29 encontros anteriores da COP, as emissões globais de gases de efeito estufa continuam seu crescimento, comprometendo a ambiciosa meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Em 2024, o planeta alcançou um aumento de 1,55°C, com a Amazônia enfrentando incrementos ainda maiores, variando entre 2,1°C e 2,3°C, impactando drasticamente seu clima e biodiversidade.
A Amazônia e a urgência da preservação
A sobrevivência da Amazônia está intrinsicamente ligada ao combate à mudança climática. Para manter seus ecossistemas e sua biodiversidade, é imprescindível a redução acentuada da combustão de combustíveis fósseis. A floresta não apenas abriga uma vasta gama de espécies, mas também desempenha um papel fundamental na regulação climática através da evapotranspiração, que resulta em chuvas essenciais para a agricultura em diversas regiões do Brasil.
Reinventando o desenvolvimento na Amazônia
A urgência em reavaliar o modelo de desenvolvimento na Amazônia é clara. A transição deve incluir práticas econômicas sustentáveis que priorizem a conservação e o benefício das comunidades locais, em vez de abordagens destrutivas. A COP30 se apresenta como uma plataforma para discutir uma agenda global de descarbonização que possa englobar todos os setores da economia.
Perspectivas para um futuro sustentável
A COP30 simboliza uma chance ímpar para redirecionar os esforços globais na luta contra a crise climática, integrando uma visão de descarbonização que promova um futuro onde o uso de combustíveis fósseis seja reduzido progressivamente. Essa mudança é a chave para garantir um clima mais estável e a realização dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), fundamentais para uma sociedade mais justa e resiliente.
*Paulo Artaxo é professor na Universidade de São Paulo, Thelma Krug foi vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima.