Desafios enfrentados por inquilinos com animais de estimação
Mais de 40% dos lares na Espanha abrigam animais de estimação, mas menos de 15% dos proprietários aceitam aluguel com pets, criando dificuldades para inquilinos. Essa situação resulta em riscos de abandono e falta de soluções legais claras para os arrendatários.
Manuel Piñar Ibáñez, de 29 anos, vive em Granada com seu cão salchicha Rufo, de cinco anos. Ele conta que, ao procurar um novo lar, o fator que mais pesa em suas decisões é a aceitação de animais. Muitos proprietários se recusam a alugar, alegando preocupações com o bem-estar de seus próprios pets. Em uma ocasião, um proprietário o rejeitou porque tinha três gatos que ficariam nervosos com os latidos de Rufo.
Realidade do mercado imobiliário espanhol
Nos últimos anos, a situação tem se agravado, conforme prometido por especialistas. Um levantamento feito pela plataforma Idealista revelou que apenas 11.000 das 82.500 unidades disponíveis para aluguel na Espanha aceitam animais, o que representa cerca de 13%. A situação é mais favorável em grandes cidades como Barcelona e Madrid, onde a aceitação chega a 21% e 17%, respectivamente.
Laura García, de 27 anos, também enfrentou dificuldades. Ao adotar um teckel, ela foi forçada a renegociar o contrato de aluguel, que proibia pets, adicionando custos e procedimentos extras. Para ela, a pressão em não ser rejeitada fez com que considerasse a possibilidade de adiar a adoção.
Perspectivas dos proprietários
Os proprietários, por sua vez, temem danos aos imóveis e problemas com barulho, que são as principais razões para a rejeição de inquilinos com animais. Segundo Sergio Cardona, analista do Observatório do Aluguel, embora o risco percebido seja alto, os custos e danos dos animais não superam os de outros inquilinos.
Amparo Noguera, uma proprietária em Almazora, compartilha sua experiência negativa ao alugar para inquilinos que esconderam a posse de um cão, resultando em problemas com os vizinhos. A legislação atual na Espanha permite que a decisão de aceitar pets fique a critério do proprietário, ao contrário de outros países europeus que proíbem proibições contratuais.
Impactos sociais e legais
Estudos mostram que a discriminação contra inquilinos com animais pode levar a consequências severas, como o aumento de abandonos. No caso de Noe Terrassa, da FAADA, muitas famílias enfrentam condições de vulnerabilidade, sendo forçadas a abandonar seus pets ou, em situações extremas, suas habitações.
Em Madrid, apenas 12 dormitórios em albergues aceitam animais, limitando opções para pessoas necessitadas. Terrassa aponta que muitas pessoas consideram seus animais mais importantes do que parte de suas динамики familiares, levando a sacrifícios dolorosos na busca por habitação.
Possibilidades de mudança no mercado
A Lei do Bem-Estar Animal e a crescente aceitação das companhias animais estão começando a mudar o panorama. A ASVAL, associação de proprietários, reconhece que é necessário adaptar o mercado, enquanto cerca de 25% dos proprietários acabam aceitando pets após negociações.
Manuel Piñar recorre a plataformas como Spotahome para encontrar opções, embora a oferta ainda seja restrita. Para ele, é justificado abrir as portas de uma casa a um animal de estimação e espera que o mercado imobiliário espanhol mude para aumentar as possibilidades de aluguel que aceitem esses companheiros.
Valentín López, outro proprietário na região noroeste de Madrid, adota uma postura mais inclusiva, aceitando todos os tipos de cão e gato. Segundo ele, isso não só é uma questão de ética, mas também um atrativo para inquilinos mais estáveis, que frequentemente têm dificuldades em encontrar moradia.
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