Os bolivianos se dirigem às urnas neste domingo para um segundo turno que promete redefinir os rumos de sua política após 20 anos de governos de esquerda. Com a ascensão de candidatos de direita, a eleição se torna um marco crucial em um cenário de crise econômica aguda.
Dentre os candidatos, Jorge Tuto Quiroga, ex-presidente e representante da direita, surge como favorito, liderando as intenções de voto com 44,9%. Em contrapartida, Rodrigo Paz, do partido de centro-direita PDC, que surpreendeu no primeiro turno, aparece com 36,5%, segundo pesquisa da Ipsos-Ciesmori.
A crise econômica que afeta a Bolívia se agrava com a falta de dólares e combustíveis, além de uma inflação que já ultrapassa os 23%. Para muitos cidadãos, a insatisfação com o governo atual, liderado por Luis Arce, do partido Movimento ao Socialismo (MAS), tem sido palpável. Longas filas em postos de gasolina e escassez de alimentos garantem um clima de desilusão.
"A maioria das pessoas vive do dia a dia. Aqui não vai dar em nada bom", expressou Pamela Roque, uma instrumentadora cirúrgica de 29 anos que cogita emigrar em busca de oportunidades melhores. A situação econômica crítica aumentou as expectativas sobre as promessas eleitorais dos candidatos.
Quiroga propõe uma injeção de US$ 12 bilhões na economia por meio de empréstimos de organismos multilaterais, prometendo que os dólares retornarão ao sistema financeiro. Ele assegura que essa medida é essencial para reverter a atual situação financeira. Por outro lado, Paz sugere priorizar a reestruturação do orçamento estatal antes de buscar crédito externo, destacando que a dívida externa da Bolívia já equivale a cerca de 30% do PIB.
Ambos os candidatos concordam em manter subsídios apenas para transporte público e setores vulneráveis, além de preservar programas sociais, embora suas propostas tenham sido suavizadas para evitar um choque econômico drástico.
O cenário político também é influenciado pela sombra de Evo Morales, ex-presidente que governou de forma prolongada e agora enfrenta desafios legais que o excluem da corrida eleitoral. Sua intermediação poderá impactar a representação de segmentos da população, principalmente indígenas, que se sentem desprovidos de representação.
A eleição deste domingo representa não apenas uma mudança de poder, mas pode sinalizar uma transformação radical nas políticas econômicas e sociais da Bolívia. Com 7,9 milhões de eleitores, o país aguarda ansiosamente o resultado que será apurado a partir das 9h até às 17h, pelo horário de Brasília, e que culminará na posse do novo presidente em 8 de novembro.