Kanye West, também conhecido como Ye, gerou controvérsias ao lançar uma música chamada ‘Heil Hitler’, que exalta o idealizador do genocídio de 6 milhões de judeus. O evento, previsto para acontecer em 29 de novembro no Brasil, já mobiliza preocupações em relação ao discurso de ódio e ao antissemitismo.
A expectativa do público para o show atinge 100 mil pessoas, com os ingressos de pré-venda esgotados em apenas uma hora. A figura de Kanye West tem sido um ponto focal nas discussões sobre a normalização do antissemitismo, especialmente em um contexto onde grupos neonazistas têm ganhado destaque nas redes sociais.
Ye tem expressado publicamente sua admiração por Hitler, um posicionamento que o levou a se autodenominar nazista. Além disso, devido ao seu histórico, o rapper teve seu visto negado para a Austrália e enfrenta uma crescente rejeição em diversos países. A preocupação é que o Brasil também não tome medidas adequadas para impedir sua presença no país, considerando que tem leis que proíbem a apologia ao nazismo.
O impacto da presença de Kanye West no Brasil é amplificado pela quantidade de seguidores que ele tem nas redes sociais, superando o número total da comunidade judaica mundial. De acordo com a Liga Antidifamação, desde 2020, diversas manifestações antissemitas foram registradas nos Estados Unidos, frequentemente associadas ao rapper. Entre os incidentes, frases como “Ye is right” têm sido usadas para propagar conteúdo negacionista do Holocausto.
Critica-se a defesade que sua postura antissemita é resultado da saúde mental de West, uma afirmação que desmerece a luta contra os estigmas associados a distúrbios mentais. O antissemitismo de Kanye West é amplamente relacionado a crenças teológicas, em particular às ideias dos Black Hebrew Israelites, um grupo que considera os negros como os verdadeiros hebreus, rotulando os judeus atuais como a “sinagoga de Satanás”.
A publicidade do show em São Paulo também levanta questões, pois inclui referências que podem ser vistas como mensagens subliminares de teor nazista. A falta de resposta de figuras públicas e instituições que se dizem defensoras da democracia diante desse contexto gera ainda mais polêmica.
*Igor Sabino, doutor em ciência política pela Universidade Federal de Pernambuco e gerente de conteúdo da StandWithUs Brasil, é autor do livro “Jesus, um judeu: o absurdo do preconceito cristão contra o povo do Messias”