Falta de Relatórios Médicos em Casos de Contaminação
A juíza responsável pela investigação sobre a contaminação em Coria del Río, Sevilla, está pressionando o Instituto de Medicina Legal da Andalucía para que informe sobre o estado dos relatórios médicos sobre mais de 4.000 residentes afetados. No entanto, até o momento, não foi designado nenhum médico para elaborar esses documentos, conforme denunciado por Rogelia Gómez, presidente da associação de moradores.
Na manhã de quinta-feira, Gómez esteve no IML em Sevilla, buscando informações sobre a designação de um perito capaz de avaliar as doenças dos residentes da barriada Guadalquivir, onde há duas décadas a população está exposta a níveis elevados de gases tóxicos. "Nos informaram que ainda não foi nomeado ninguém", lamentou.
Um Histórico de Exposição a Produtos Químicos
A fase de instrução da causa, que investiga a origem dos tóxicos advindos de uma gasolinera, está prestes a ser concluída após sete anos. A magistrada solicitou esforços para que os relatórios médicos fossem finalizados e enviados o mais rapidamente possível. No entanto, desde a apresentação da denúncia em 2018, nenhum exame foi conduzido sobre a saúde dos moradores, levando Gómez a afirmar: "Não querem saber nada de nós".
Essa situação é agravada pela inação das autoridades, desde o município até as secretarias de Saúde e Meio Ambiente, que falharam em abordar adequadamente o problema de contaminação já documentado por diversos órgãos, incluindo o Seprona e a Agência Andaluza de Meio Ambiente. Relatórios indicam que os residentes foram expostos a hidrocarbonetos, como tolueno e benzeno, em quantidades que superam em até 100 vezes os limites normativos, resultando em problemas de saúde como cefaleias, náuseas e, em casos severos, leucemia.
Protocolo para Avaliação Médica e Indenizações
A demanda para que o IML avalie a saúde dos moradores é uma constante. Em uma reunião recente, foi acordado o desenvolvimento de um protocolo que possibilite que os profissionais de saúde façam a ligação entre as doenças crônicas enfrentadas pelos moradores e a exposição aos hidrocarbonetos tóxicos. Uma exigência que ficou clara, uma vez que na Espanha não existe atualmente uma diretriz que auxilie os médicos nesse tipo de análise.
A Junta de Andalucía se comprometeu a redigir um protocolo essencial que permitirá que os afetados solicitem as devidas indenizações. O contato com o Hospital Virgen del Rocío foi enfatizado para garantir que os médicos forenses colaborassem na elaboração dessas avaliações, dada a complexidade técnica desses exames.
Investigações Extras e Responsabilidades
Os moradores também pressionaram para que a origem da contaminação fosse investigada em outros locais, além da gasolinera. A empresa provincial de gestão de água, Aljarafesa, que admitiu ter problemas em um de seus coletores, também é vista como possível responsável pela contaminação, já que essas falhas podem ter permitido a entrada de hidrocarbonetos na rede de saneamento.
Perspectivas Futuras e Justificativas
A instrução avança, mas os obstáculos permanecem para que os residentes possam alcançar justiça e respirar tranquilamente. Após duas décadas, as promessas de limpeza efetiva da área por parte da empresa proprietária da gasolinera ainda não foram cumpridas, resultando em um novo pedido do município para que um projeto de descontaminação seja apresentado.