O universo cinematográfico de Hollywood está passando por uma transformação com a crescente popularidade dos micro dramas, um formato que, originalmente, conquistou o público asiático. Empresas como Fox e Disney estão investindo fortemente nessa nova maneira de contar histórias, reconhecendo que os micro dramas são muito mais do que uma simples tendência.
Essas produções, que são curtas, de baixo orçamento e muitas vezes recheadas de tramas sensacionalistas, são projetadas para serem assistidas em episódios de um a dois minutos em aplicativos móveis como ReelShort e DramaBox. A estrutura desses micro dramas, que também podem ser chamados de "verticais" ou "mini dramas", se assemelha à de aplicativos de jogos, oferecendo cliffhangers estratégicos para manter os espectadores engajados e dispostos a pagar para continuar assistindo.
A audiência e o fluxo de receita gerados pelos micro dramas estão se tornando irresistíveis para Hollywood. Grandes estúdios, de Disney a Fox, estão se unindo a essa tendência, com planos de dar um toque mais sofisticado a esse formato. O Paramount Skydance, por exemplo, está buscando maneiras de co-criar conteúdo nesse novo nicho. Com o apoio da ReelShort, a Paramount Pictures já utilizou o aplicativo para promover o filme "Regretting You", liberando trailers e informações exclusivas para os usuários.
Lionsgate e Hallmark também estão explorando essa nova fronteira, conforme confirma uma fonte próxima a decisões em suas diretorias. O espaço atrai ainda empresas de tecnologia e publicidade. O Instagram, pertencente ao Meta, está testando um projeto de micro dramas na Índia, enquanto o TikTok já se consolidou como uma plataforma de marketing para esse formato, inclusive incentivando empresas a upload de filmes inteiros na plataforma.
Analistas da Bernstein destacam que a audiência em aplicativos de micro dramas supera a de serviços tradicionais como o Peacock e o HBO Max. Com previsão de geração de cerca de 3 bilhões de dólares em receita global este ano, excluindo a China, o potencial desse nicho está se expandindo rapidamente, quase triplicando em relação ao ano anterior.
Entre as empresas que mais investem em micro dramas, está GammaTime, fundado por Bill Block, ex-CEO da Miramax, que arrecadou 14 milhões de dólares para criar um aplicativo visto como "Netflix do storytelling em formato curto". Sua plataforma já conta com mais de 20 produções originais que cobrem gêneros como thrillers, romances e casos reais, incluindo obras escritas por Anthony E. Zuiker, o criador de "CSI".
Outra iniciativa inovadora veio de Lloyd Braun, que junto a outros veteranos da mídia lançou a MicroCo, com investimentos não divulgados da Cineverse. A proposta da MicroCo é elevar o formato utilizando tanto mão de obra sindicalizada quanto não-sindicalizada, além de ferramentas de inteligência artificial para manter os custos de produção baixos, ao mesmo tempo que melhora as recomendações de conteúdo.
A Disney se junta a essa corrida, incluindo o aplicativo de micro dramas DramaBox em seu programa seletivo de aceleração. A Fox Entertainment também está investindo na Holywater, uma empresa ucraniana responsável pelo aplicativo My Drama, enxergando nesta nova forma de conteúdo uma oportunidade para experimentar novas ideias de programas e expandir conteúdo já existente. O CEO da Fox, Rob Wade, acredita que essa abordagem é uma maneira inovadora de alcançar o público, utilizando talentos e estratégias de marketing da própria Fox.
Outro exemplo notável é o da TelevisaUnivision, que foca em dramas verticais no estilo de telenovelas para sua plataforma de streaming ViX. Recentemente, foram lançadas seis produções originais como "Te Escribí Antes de Conocerte" e "El regreso de la Heredera Fugitiva", com planos ambiciosos de desenvolver até 100 micro dramas até 2026, ampliando também para gêneros como documentários e comédias.