A crescente escalada de tensões entre Rússia e Estados Unidos em relação a testes nucleares ganhou novos contornos neste domingo (9), quando um porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que Moscou poderá ser "obrigada" a realizar testes nucleares caso Washington decida retomar essa prática. Apesar de garantir que a Rússia não tem intenção de violar a proibição de tais testes, Peskov enfatizou que em um cenário de violação por parte dos EUA, a Rússia se vê compelida a agir de maneira semelhante para preservar a paridade estratégica.
Peskov, entrevistado pela emissora russa Russia 1, reiterou que o presidente Vladimir Putin mantém o compromisso de seu país em relação ao Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, que, embora tenha sido assinado por 186 nações em 1996, nunca entrou em vigor. "Se outro país violar os compromissos relacionados à proibição, a Rússia terá de fazer o mesmo", afirmou o porta-voz.
A declaração de Peskov veio em resposta à autorização do presidente Donald Trump para a retomada dos testes nucleares nos EUA, após mais de três décadas. Trump justificou sua decisão afirmando que tanto a Rússia quanto a China têm realizado testes, desafiando as normas internacionais e, por isso, os EUA também devem estar preparados para testá-los novamente.
Nesta semana, o governo russo solicitou esclarecimentos à administração americana sobre as intenções de Trump, enquanto Peskov frisou que não há ordens para que as Forças Armadas russas se preparem para iniciar tais testes. Ele também comentou sobre os recentes testes de mísseis e torpedos, afirmando que essas atividades não configuram testes nucleares, refutando especulações que afirmam o contrário.
As iniciativas de Trump provocaram condenações em todo o mundo, sendo criticadas tanto pelo governo russo quanto pela China e organizações internacionais, incluindo a ONU. Além de aliviar as tensões sobre as políticas nucleares, essas declarações acentuam as divergências entre as potências nucleares em um momento delicado, marcado pelas desavenças sobre a guerra na Ucrânia e os exercícios militares da Rússia.
Trump, no entanto, acusou seus adversários de realizarem testes nucleares secretos e declarou que os EUA não podem ser o único país a ficar fora dessa corrida armamentista. Ele ressaltou que as tensões globais exigem uma postura forte e que o histórico recente de testes de potências nucleares como Rússia e China justifica a posição americana. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, respondeu às acusações de Trump, reafirmando que a China se compromete a uma política de desenvolvimento pacífico e a não ser a primeira a usar armas nucleares.
À medida que os ânimos se exaltam, espera-se que as discussões sobre a estabilidade nuclear global se intensifiquem, com a necessidade de uma abordagem diplomática urgente a fim de evitar uma nova corrida armamentista que poderia ter repercussões devastadoras no equilíbrio de poder mundial. As iniciativas de ambos os países estarão no centro das atenções enquanto o contexto internacional continua a evoluir em resposta a políticas nucleares e suas potenciais consequências.