A nomeação de Teresa Peramato como nova fiscal geral do Estado gerou reações diversas entre os partidos políticos da Espanha, destacando a posição cautelosa do Partido Popular (PP). Peramato, com uma carreira de 35 anos focada na luta contra a violência de gênero, foi escolhida pelo governo de Pedro Sánchez e rapidamente recebeu elogios por seu "currículo exemplar". No entanto, a crítica não tardou em surgir: o PP alçou questões sobre a independência da nova fiscal.
O líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, já havia indicado que a crítica viria, mas as qualidades profissionais de Peramato dificultaram uma reprovação mais incisiva. A porta-voz do PP, Ester Muñoz, expressou dúvidas sobre a integridade da fiscal, questionando se ela cederá a pressões do governo: "Nos perguntamos se, no caso de o Governo lhe pedir que cometa delitos, ela irá fazê-lo".
Além disso, durante a celebração do Dia Internacional de Combate à Violência de Gênero, o partido teve que reconhecer a trajetória de Peramato na defesa de mulheres vítimas de violência machista. Jaime de los Santos, do PP, reiterou que sua história é exemplar, mas frisou a necessidade de que ela não se submeta aos interesses de Sánchez.
Por outro lado, os aliados do governo celebraram a escolha, enaltecendo o perfil progressista e feminista de Peramato. A porta-voz do Sumar, Verônica Barbero, destacou sua capacidade e comprometimento com os direitos femininos. Alberto Ibáñez, do Compromís, também enfatizou sua defesa dos direitos humanos, especialmente em relação às mulheres.
A líder do Podemos, Ione Belarra, focou menos em Peramato e mais na necessidade do Partido Socialista de agir contra a judicialização política em Espanha. Ela pediu medidas concretas para fortalecer a democracia no país, abordando questões como renovação do Conselho Geral do Poder Judicial.
No espectro da direita, o líder do Vox, Santiago Abascal, rejeitou a nova fiscal devido à sua nomeação ter vínculo com o governo e afirmou que decisões são feitas para evitar riscos legais. Ele criticou a exigência do PP por um aval do CGPJ para a nova escolha e lembrou que sua composição foi acordada entre conservadores e socialistas.
A situação política em torno da nomeação de Teresa Peramato indica um clima de expectação e cautela, refletindo as tensões entre o governo atual e a oposição sobre a independência e o papel da justiça na política espanhola.