Suspensão de empréstimo pelos Correios: entenda a situação
Os Correios suspenderam um empréstimo de R$ 20 bilhões devido à alta taxa de juros de 136%, proposta por instituições financeiras, que não foi aceita pelo Tesouro Nacional. O órgão federal condiciona a garantia da operação a uma taxa máxima de 120% do CDI, o que impactaria diretamente no custo total da dívida.
A diferença na taxa poderia resultar em um custo adicional de R$ 458 milhões. Segundo simulação do economista Alex Agostini, da Austin Rating, o empréstimo a 136% do CDI custaria R$ 23,895 bilhões ao final. Em contrapartida, com uma taxa de 120% do CDI, o montante total seria de R$ 23,436 bilhões, gerando essa diferença significativa.
A simulação considera que o CDI deve encerrar 2025 em 14,32%, e os pagamentos estão previstos para serem realizados nas condições e prazos especificados pelos bancos, que incluiriam um prazo de 15 anos, com três anos de carência para o pagamento dos juros. A liberação dos recursos, conforme os planos, seria feita em três parcelas: a primeira, de R$ 10 bilhões, até o fim deste ano, e as demais, de R$ 5 bilhões cada, em 2026.
Agostini aponta uma preocupação adicional, afirmando que a diferença nos custos poderia aumentar ainda mais se contabilizados impostos relacionados, como o Imposto sobre operações financeiras (IOF). "Esses são números brutos; tem a incidência de outros impostos que implicam nas operações e podem levar essa taxa efetiva a um valor ainda maior", observa o economista.
A contratação do crédito foi inicialmente aprovada pelo Conselho de Administração dos Correios no último sábado. Contudo, a empresa havia comunicado aos funcionários que as condições financeiras ainda estavam sendo discutidas com os bancos envolvidos na operação. Nesse novo cenário, a atual gestão busca avaliar alternativas e negociareterminar condições melhores, uma vez que a garantia da União ajuda a reduzir os riscos da operação.
O especialista, Alex Agostini, sugere que a reestruturação dos Correios pode ser favorecida por meio de parcerias público-privadas, principalmente no que se refere aos serviços de entrega. "O governo poderia implementar um modelo similar ao das estradas federais, com concessões de trechos, mas no caso dos Correios, seriam concessões de CEPs. As entregas seriam realizadas por CEPs, e a iniciativa privada ficaria responsável pelos melhores trechos, enquanto o governo assumiria as áreas menos viáveis ao setor privado", detalha Agostini.