Lula atrasa indicação de Jorge Messias ao STF em busca de apoio no Senado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF), uma manobra estratégica para conquistar apoio entre os senadores. O longo atraso, que já dura treze dias desde a comunicação da escolha, tem como objetivo minimizar as insatisfações, especialmente em relação ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
Essa é uma ação já considerada um recorde no terceiro mandato de Lula. A decisão de indicar Messias foi anunciada no dia 20 de novembro, mas até o momento, a mensagem formal ao Congresso não foi enviada, o que é crítico para dar início ao processo de indicação.
Histórico de Indicações - No passado, Lula teve prazos mais curtos para formalizar suas indicações: Cristiano Zanin foi indicado em 12 dias, enquanto Flávio Dino levou apenas 3 dias para ter sua indicação processada. O governo tem enfrentado a pressão de um Senado dividido e a necessidade de conseguir pelo menos 41 votos favoráveis para a aprovação de Messias.
A expectativa é que a mensagem com a indicação do novo advogado geral da União (AGU) seja entregue pessoalmente a Alcolumbre, já que ele havia cancelado a sabatina marcada para o dia 10 de outubro devido ao não envio da mensagem governamental. Sem este formalismo, não há como iniciar a tramitação no Senado, que envolve leitura do documento, parecer do relator e votação em plenário.
Documentação Necessária - A preparação da documentação de Jorge Messias é responsabilidade da Secretaria de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil, que ainda se encontra em fase de instrução. A mensagem de indicação deverá incluir um currículo detalhado, declarações fiscais e outras informações exigidas pelo regimento do Senado. A falta desses documentos impede que a audiência pública e a votação prossigam.
Com o adiamento, o governo Lula conseguiu ganhar tempo, o que possibilita a Jorge Messias a oportunidade de negociar apoios e minimizar as chances de um revés na votação.
Na semana passada, Messias tentava articular um almoço com lideranças do bloco parlamentar 'Vanguarda', que é composto por parlamentares do PL e do Partido Novo, mas o encontro foi desmarcado. Além disso, ele pediu uma reunião com o senador Rodrigo Pacheco, que é visto como uma escolha preferida de muitos no Senado para o cargo no STF, mas que foi preterido por Lula na indicação.
A relação entre Lula e Alcolumbre teve um azedume notável após a escolha de Messias, o que elevou a tensão em Brasília. A avaliação entre os aliados de Lula é de que este é um momento delicado para avançar com a indicação, e talvez, a melhor estratégia seja esperar por um clima político mais favorável.
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