Operação do MP Investiga Marcos Valério por Sonegação Fiscal em Minas Gerais
Marcos Valério, conhecido como operador do "mensalão", é o foco de uma nova investigação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por um esquema de sonegação fiscal que teria causado uma perda estimada em mais de R$ 215 milhões aos cofres públicos. A ação faz parte de uma operação mais ampla realizada pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira-MG), que está investigando fraudes relacionadas ao pagamento do ICMS por empresas varejistas e atacadistas no estado.
A operação visa a apuração de crimes como organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Mandados de busca e apreensão foram executados em Belo Horizonte e na Região Metropolitana, onde documentos, veículos de luxo, computadores e mídias digitais foram recolhidos como parte das investigações.
Valério, que já foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal no caso do mensalão durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, está novamente no centro das atenções. O esquema em questão teria movimentado grandes somas de dinheiro por meio de diversas empresas de atacado, incluindo a rede Coelho Diniz, uma das maiores do estado e acionista significativa do Grupo Pão de Açúcar.
A Operação Ambiente 186 identificou que os envolvidos teriam criado empresas de fachada para simular transações comerciais e manipulado dados fiscais, com o intuito de reduzir ou evitar o pagamento do ICMS. Esta abordagem permitiu que as empresas envolvidas oferecessem preços mais baixos em relação aos concorrentes que operavam dentro da lei, criando uma concorrência desleal no mercado.
O grupo investigado não só deixou de recolher impostos devidos, mas também implementou estratégias complexas para lavar o dinheiro obtido com a sonegação, adquirindo bens de alto valor e utilizando operações comerciais como fachada.
A magnitude da operação é acentuada pelo número de pessoas envolvidas nas diligências, com a participação de seis promotores de Justiça, policiais civis e militares, auditores da Receita Estadual e Federal, além de bombeiros militares. Também foi determinada a indisponibilidade de R$ 476 mil em bens para garantir que os investigados não se desfizessem do patrimônio, enquanto as investigações prosseguem.
Ao longo de 16 anos, desde sua criação, o Cira-MG tem se mostrado um pilar no combate à sonegação e na recuperação de ativos, tendo conseguido recuperar mais de R$ 16 bilhões em recurso aos cofres públicos mineiros.
A família Coelho Diniz, proprietária da rede supermercadista, emitiu um comunicado onde reforça que o Supermercados Coelho Diniz não é alvo da investigação e que seus investimentos no Grupo Pão de Açúcar também não estão sob suspeita. O advogado de Marcos Valério informou que seu cliente se ofereceu para colaborar com a investigação e que, até o momento, não foram encontrados materiais ilícitos durante as buscas.
A investigação segue em andamento, e novas informações podem surgir conforme as autoridades analisam as evidências coletadas durante a operação.