Cenário Crítico nos Hospitais do Equador
A saúde no Equador enfrenta uma crise sem precedentes. Os hospitais, sobrecarregados e sem os insumos básicos, agora se tornaram o palco de cenas desesperadoras. Pacientes dependem da capacidade financeira própria para acessar itens essenciais, como medicamentos e água.
Recentemente, em Guayaquil, uma mulher clamava por suprimentos do lado de fora do Hospital del Guasmo, o maior da cidade. Com a falta de insumos, muitos recorrem a vendedores informais para obter desde água até medicamentos como insulina e paracetamol. Um exemplo chocante é a história de uma jovem mãe que deu à luz prematuramente gêmeas de 24 semanas. Sem os recursos para comprar sondas especiais, com preços altos e fora de alcance, a situação se torna insustentável.
Denúncias de Corrupção e Falta de Gestão
Santiago Carrasco, presidente da Federação Médica Equatoriana, expressa sua preocupação ao afirmar que o sistema de saúde do país está à beira do colapso, resultado de má gestão e corrupção. Carrasco critica a falta de experiência dos ministros da saúde que passaram pelo cargo, acusando-os de serem meras indicações políticas.
O recente histórico político revela uma sucessão de ministros sem habilidade um histórico que se reflete na deterioração do sistema de saúde. Após a derrota do governo em uma recente consulta popular, a vice-presidente Maria José Pinto assumiu interinamente, mas até agora não há informações sobre as medidas que serão tomadas para reverter a situação crítica.
Casos Desesperadores de Pacientes
As consequências dessa calamidade são visíveis. Um relato impactante vem do hospital de Macas, onde uma mãe indígena achuar recebeu o corpo de sua filha em uma caixa de papelão, sem qualquer dignidade ou protocolo adequado. Segundo relatos, a criança foi vítima de uma infecção e devolvida à família como um objeto, demonstrando a falta de humanidade em meio à crise.
"Estamos nos tornando signatários de certidões de óbito", lamenta Carrasco, enquanto os médicos se deparam diariamente com a impotência diante da realidade de não poder salvar muitas vidas.
Tente e Fracasso do Governo
Apesar das promessas do governo de realizar uma auditoria interna e sancionar os responsáveis, a população continua a sofrer. Um relatório do Ministério da Saúde revela que a média de abastecimento nos hospitais é alarmantemente baixa, em torno de 61%, com alguns hospitais, como o de Monte Sinai, em Guayaquil, chegando a 18%.
Em resposta a essa crise crescente, o presidente Daniel Noboa instaurou um estado de emergência para acelerar a aquisição de medicamentos, mas a falta de fundo real para esses gastos continua a ser um entrave. O orçamento total de saúde, apesar de elevado em papel, na prática não se reflete em melhorias nos serviços disponíveis ao cidadão.
A Luta Diária dos Pacientes Renais
Os pacientes renais, em particular, sentem os impactos dessa crise. De acordo com relatos, cerca de 20.000 pacientes dependem de diálise, muitos deles enfrentando a incerteza de tratamentos interrompidos devido a inadimplências financeiras com clínicas. Alejandro Solano, um dos pacientes que luta contra essa realidade, denuncia que muitos já faleceram por falta de tratamento adequado.
“Estamos condenados a morrer,” desabafa Alejandro, que preside uma associação de pacientes e luta por melhores condições para todos. As manifestações se tornam corriqueiras, mas as vozes dos enfermos não encontram eco entre as autoridades competentes.
Conclusão
A situação da saúde no Equador é, sem dúvida, de emergência. Cabe ao governo não apenas entender a gravidade do cenário, mas também agir com urgência para sanar os problemas que, a cada dia, resultam em mais mortes e desespero na população. A falta de insumos, as promessas vazias e a impunidade precisam ser enfrentadas com seriedade e responsabilidade.