Durante sua visita aos Emirados Árabes Unidos, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu que muitas pessoas estão passando fome em Gaza, ressaltando a necessidade de assistência aos palestinos em meio ao bloqueio imposto por Israel. O comentário foi feito na sexta-feira, dia 16, em sua terceira e última parada em um giro de quatro dias pelo Oriente Médio, onde não incluiu Israel, seu principal aliado na região.
Questionado sobre o apoio aos planos israelenses de intensificar a guerra em Gaza, Trump afirmou: "Acho que muitas coisas boas acontecerão no próximo mês, e veremos. Temos que ajudar também os palestinos. Muitas pessoas estão passando fome em Gaza, então temos que considerar ambos os lados."
Desde 2 de março, Israel voltou a implementar um bloqueio total em Gaza, impedindo a entrada de ajuda humanitária, incluindo alimentos, água e combustível. De acordo com as Nações Unidas, a totalidade da população do enclave se encontra em risco crítico de fome e enfrenta níveis extremos de insegurança alimentar. A relatora especial das Nações Unidas para os territórios palestinos, Francesca Albanese, acusou Israel de dizimar o que resta da humanização. O governo de Tel Aviv alega que a estratégia visa forçar o grupo Hamas a fazer concessões, enquanto mantém 59 reféns israelenses capturados em outubro de 2023.
O exército israelense intensificou seus ataques nas últimas semanas. De acordo com a agência de defesa civil de Gaza, 56 pessoas foram mortas em bombardeios apenas na sexta-feira, enquanto médicos estavam tratando de dezenas de feridos. No total, ao menos 150 pessoas perderam a vida nos dois dias anteriores. As Nações Unidas estimam que 70% do território palestino se tornou uma zona proibida ou está sob ordens de retirada por parte de Israel.
Trump continuou a enfatizar em Abu Dhabi que está "de olho em Gaza" e que o governo dos EUA está comprometido em endereçar a situação alarmante, onde "muitas pessoas estão morrendo de fome". A Fundação Humanitária de Gaza, uma ONG financiada pelos Estados Unidos, anunciou que começaria a distribuir ajuda nesta mês, após negociações com autoridades israelenses. Contudo, as Nações Unidas descartaram na quinta-feira sua participação nessa iniciativa.
As negociações para a assistência humanitária estão estagnadas, com o Hamas alegando que a restauração da ajuda ao território devastado é um requisito para retomar as conversas de cessar-fogo. O grupo palestino reivindicou que Gaza não está à venda, em resposta a comentários de Trump sobre a possibilidade de os Estados Unidos transformarem a área em uma zona de liberdade.
O Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos, por sua vez, afirmou que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está perdendo uma grande oportunidade para resgatar os reféns. "As famílias acordaram com preocupação em meio aos relatos do aumento dos ataques em Gaza e a iminente conclusão da visita de Trump à região", disseram em comunicado, enfatizando que"perder esta oportunidade histórica seria um fracasso retumbante lembrado para sempre".