Dez bairros do Rio de Janeiro concentram um terço dos roubos de celular, revelando um panorama alarmante do crime na capital fluminense. Segundo dados do Mapa do Crime, uma ferramenta do GLOBO, 5.067 dos 14.196 casos registrados em 2024 ocorrem nessas áreas, com a Tijuca liderando em ocorrências de assaltos a mão armada, seguida pelo Centro.
A Tijuca registrou 581 roubos, enquanto o Centro, um dos locais mais movimentados, teve 1.622 casos. Outros bairros notáveis incluem Maracanã, Barra da Tijuca e Botafogo, todos com números elevados de roubos, especialmente em uma comparação com o ano anterior.
A Explosão de Roubos nos Bairros Cariocas
O aumento de 39% nos roubos representa uma preocupação crescente para as autoridades de segurança, e a movimentação de celulares roubados se destaca nesse esquema criminoso. Em Botafogo, os números chamam atenção, com um aumento de 104,3% em relação ao ano retrasado, indicando que a situação está se agravando rapidamente.
Dinâmica do Crime: Como Funciona o Mercado Ilegal
Segundo Daniel Hirata, coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni/UFF), estar próximo a locais de revenda facilita a ação dos criminosos. Os centros comerciais atraem muitas pessoas, tornando os bairros como Centro e Pavuna pontos estratégicos para a recepção e revenda de celulares roubados.
A situação se complica ainda mais com a interligação entre crime organizado e comunidades, como mostrado no caso de um assalto no Morro do Fallet. A Polícia Civil descobriu uma central clandestina de desbloqueio com 200 celulares roubados, revelando uma rede que liga traficantes e receptadores.
Caminho dos Celulares Roubados: A Trilha do Crime e Seus Operadores
A trajetória dos celulares, uma vez roubados, segue um ciclo onde ladrões recebem um percentual pela venda. O caso de Patrick Fontes Souza da Silva, preso por receptação, exemplifica como essa atividade é lucrativa e de fácil reentrada no mercado. Após ser libertado, ele voltou a exercer suas atividades em menos de um mês.
Hirata destaca que o roubo de celulares afeta a percepção de segurança da população, uma vez que está associado não apenas ao furto, mas também à possibilidade de crimes posteriores, como o uso indevido das informações contidas nos aparelhos.
A Reincidência da Criminalidade e o Papel da População
Embora haja operações policiais constantes, a reincidência de criminosos como Silva demonstra os desafios enfrentados pelas autoridades. Em um cenário onde os crimes se perpetuam rapidamente, a participação ativa da população se torna crucial. É vital que os cidadãos não comprem produtos roubados, uma prática que alimenta essa rede criminosa.
A delegada Kely de Araújo Goularte ressalta a importância da denúncia dos roubos com informações precisas como o IMEI. A atuação do poder público deve focar em estratégias direcionadas aos chamados "pontos quentes" da criminalidade, que permanecem estáveis ao longo dos anos, conforme estudo feito por pesquisadores da área de segurança.
Em um contexto de insegurança crescente, é essencial que a população busque formas de proteção, como deixar aparelhos antigos como "telefones do ladrão", uma prática que reflete a gravidade da situação e a adaptação dos cidadãos à realidade violenta vivida nas ruas do Rio de Janeiro.