Em uma manobra política inesperada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adiou o início das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros para 6 de agosto, conforme um decreto publicado antes da data inicial de aplicação. Além disso, quase 700 produtos foram isentados dessa cobrança, revelando uma estratégia que parece seguir um roteiro familiar: ameaçar e, em seguida, recuar.
A decisão de Trump ocorre em meio a tensões diplomáticas entre os dois países. Pouco antes do adiamento, o governo americano impôs sanções ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, como parte da aplicação da Lei Magnitsky, que visa punir líderes acusados de violação de direitos humanos. Com essa lei, Estados Unidos podem bloquear bens de Moraes e ele fica impedido de realizar transações com cidadãos e empresas norte-americanas.
O especialista Guilherme Casarões, professor da FGV-SP e pesquisador no Observatório da Extrema Direita, discutiu as implicações dessas ações. Segundo Casarões, o recuo tarifário não é apenas uma questão econômica, mas também uma manobra simbólica que agrava ainda mais a crise política entre Brasil e EUA. Ele explica que o efeito da pressão tarifária é um reflexo das negociações baseadas em ameaças e intimidações.
Além disso, ao adiar a aplicação das tarifas, Trump evita uma crise econômica mais aguda, dado que produtos como café e carne estariam entre os bens afetados. Por outro lado, itens importantes como aviões da Embraer e suco de laranja estão fora da lista de tarifas.
A situação se torna ainda mais complexa com a incorporação do caso do ex-presidente Jair Bolsonaro e as relações com grandes empresas de tecnologia, que também são mencionadas no contexto das sanções. Ao reiterar essas ameaças, Trump intensifica sua ofensiva contra as instituições brasileiras.
O podcast "O Assunto", produzido pelo g1 e apresentado por Alan Severiano, foi fundamental para discutir esses tópicos. Desde agosto de 2019, o programa já contabiliza mais de 168 milhões de downloads e se tornou uma referência na análise de temas relevantes, incluindo a atual crise nas relações Estados Unidos-Brasil.