Em um cenário em que as bebidas infundidas com cannabis prometeram se tornar a grande novidade, a realidade é que os desafios continuam a ser uma barreira significativa para o seu crescimento. Atualmente, os refrigerantes à base de THC representam apenas 1-1,5% das vendas em dispensários, segundo a cofundadora da BDSA, uma empresa de pesquisa de mercado.
A hesitação dos consumidores em escolher essas opções pode ser atribuída a diversos fatores. Para alguns, a preferência por cervejas tradicionais é forte, enquanto outros que são entusiastas da cannabis podem considerar as dosagens típicas — entre 2 mg a 10 mg por lata — muito suaves para causar efeito. Além disso, a falta de exposição, já que muitos consumidores ainda não têm conhecimento sobre a disponibilidade dessas bebidas, também contribui para a baixa adesão.
Além disso, o mercado de bebidas de cannabis navega em um mar de regulamentações confusas. Embora lugares como a Califórnia tenham legalizado a maconha, as bebidas de cannabis ainda enfrentam legislações severas que dificultam sua distribuição. Por outro lado, estados como Texas e Flórida estão despontando como novos centros de demanda para esses produtos, de acordo com analistas da Brightfield Group.
A Brightfield projeta que as bebidas de THC derivadas do cânhamo atingirão um mercado de 756 milhões de dólares até 2029, representando um crescimento de 33%. Contudo, esse valor ainda é uma fração do mercado de cervejas nos Estados Unidos, avaliado em impressionantes 117 bilhões de dólares, e que também enfrenta suas próprias ameaças no cenário de atualidade, como a crescente revolução da sobriedade entre os jovens empreendedores.
No entanto, Blake Patterson, diretor de receita da Keef Brands, acredita que a salvação da indústria pode vir de um público inesperado: as "mães que jogam futebol" reclusas. Esses consumidores, que muitas vezes evitam as dispensárias devido ao estigma persistente em relação à cannabis, podem se sentir mais à vontade para adquirir essas bebidas em supermercados ou lojas de conveniência. Isso poderia levá-los a se tornarem "canna-curiosos", segundo Patterson, e a explorarem mais produtos à base de cannabis.
Com o tempo, a percepção sobre as bebidas de cannabis pode mudar, mas para isso, a indústria precisará enfrentar e superar as barreiras atuais, desde regulamentações rigorosas a experiências negativas dos consumidores. A mensagem é clara: para as bebidas de cannabis se tornarem a próxima grande tendência, será necessário um esforço coordenado em informação e acessibilidade.