Um balanço oficial, obtido pela Lei de Transparência, aponta que entre 2022 e 2024 os sistemas Rodalies e Regionais da Catalunha registraram 693 incidências, afetando 2,4 milhões de passageiros e gerando 420.421 minutos de paralisação, equivalentes a 291 dias de serviço perdido.
Panorama geral de incidências e impactos
Os dados revelam que, nesse período, a média foi de aproximadamente 1,5 ocorrência por dia. Além do número de falhas, o registro mostra que os minutos de interrupção somam 420.421, refletindo um custo significativo para os usuários do sistema.
Em 2024, houve 316 incidências, 146% a mais que em 2023. O último trimestre foi particularmente crítico, com outubro registrando 59 ocorrências. Esse cenário coincidiu com fases intensas do plano de obras, incluindo a adoção do padrão de largura de via no túnel de Roda de Berà, em Tarragona.
Ao detalhar a origem das falhas, o relatório separa as ocorrências entre Rodalies/Media Distancia e Regionais. Das 693 incidências, apenas 52 dizem respeito diretamente ao serviço de Cercanías; o restante — 641 — está anotado nos Regionais. Apesar do grande número, o peso maior recai sobre o serviço de Media Distancia, que transporta menos passageiros, o que reduz o impacto na contabilidade geral.
Um marco de 2023 ocorreu em maio, quando houve 26 ocorrências, com apenas uma na R2 e o restante concentrado em Media Distancia. Entre os problemas, esteve um incêndio em um quarto de sinais que interrompeu a circulação próximo a Gavà por mais de 73 horas, afetando 25.000 usuários de Rodalies. As linhas R1, R12, R13, R14, R15, R16 e R17 apresentaram incidências associadas a esse ponto, atingindo 98.865 passageiros.
Chegou o momento em que tudo girava em torno da impontualidade.
Francesc López, de 31 anos, morador de Mataró e proprietário de uma loja no centro de Barcelona, relata o impacto direto nos deslocamentos: entre 2022 e 2024 ele ou outros usuários da linha Molins de Rei – Maçanet chegaram a perder até 46 dias por paros, segundo o resumo de incidências elaborado pela Renfe.
Em termos de serviços, a divisão entre Cercanías (serviço de subúrbio) e Regionais mostra que o efeito não é uniforme. O relatório da Direção de Mobilidade do Departamento de Territorio aponta que a maior parte das falhas ocorreu nos Regionais, mas, como transporta menos passageiros que Cercanías, o peso na conta global fica contido. Para Cercanías, cada incidência costuma afetar cerca de 10 mil passageiros; para Media Distancia, esse número cai para aproximadamente 1 mil, quando consideradas apenas as ocorrências com duração superior a 100 minutos.
À medida que o governo avança com o plano de obras, surgem críticas sobre o equilíbrio entre melhoria de infraestrutura e operação confiável. A porta-voz do governo, Sílvia Paneque, reconheceu a necessidade de reduzir as incidências para além dos objetivos do conjunto de obras, destacando que as intervenções devem manter o foco na operatividade do serviço. Ela ressaltou que a colaboração com o Ministério dos Transportes não pode conflitar com a exigência da Generalitat como titular do serviço.
Quanto à transparência, Adif recusou fornecer dados, citando o que chamou de descrédito injustificado da gestão da infraestrutura. O Ministério de Transportes e a Generalitat acabaram recebendo informações apenas após intervenções de órgãos de controle. O GAIP já havia indicado que o direito de acesso à informação deve prevalecer sobre direitos comerciais da empresa.
O GAIP afirmou assegurar que o direito à informação se sobrepõe aos interesses comerciais da empresa, enfatizando a importância de uma avaliação pública das falhas e da responsabilidade pela gestão. Olhando para o futuro, as autoridades planejam continuar com o plano de obras, com monitoramento mais rigoroso e avaliação do impacto na experiência do passageiro, visando equilibrar cronogramas, custos e qualidade do serviço.