Conflito crescente entre EUA e Venezuela
A recente autorização do presidente dos EUA, Donald Trump, para que a CIA conduza operações secretas na Venezuela marca um novo capítulo nas relações entre os dois países. A medida tem gerado alarmes em Caracas, especialmente após a afundamento de pelo menos cinco barcos acusados de tráfico de drogas próximo à costa venezuelana.
Trump confirmou que as operações visam combater o narcotráfico originado na Venezuela, o que, segundo ele, representa uma ameaça à segurança nacional americana. Essa escalada de tensão sugere a possibilidade de uma fase terrestre no conflito, apesar de poucos detalhes terem sido divulgados sobre o tipo de ações que serão implementadas.
Atividades já em curso têm causado controvérsias; forças americanas afundaram embarcações nos últimos dias, resultando na morte de 27 pessoas, o que foi criticado por especialistas em direitos humanos como execuções extrajudiciais. Enquanto isso, a ativista opositora María Corina Machado acredita que o conflito pode estar se movendo em direção a uma resolução.
Contexto de desestabilização
O governo Trump tem aumentado a pressão sobre o crime organizado na Venezuela, incluindo acusações de que o presidente Nicolás Maduro estaria ligado ao grupo terrorista "Tren de Aragua". No entanto, investigações da própria inteligência americana não corroboram tais alegações. Axões da CIA historicamente incluem sabotagens e infiltrações, o que levanta questões sobre os novos objetivos na operação.
Entre as especulações, há a possibilidade de que ações mais agressivas, como assassinatos de líderes de grupos criminosos ou operações encobertas para desestabilizar o governo, estejam nos planos. Situações semelhantes já foram propostas pela CIA no passado, como a infame operação Northwoods, que buscava justificar ações militares contra Cuba.
Zona de conflito
Na Venezuela, a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) está em preparação para qualquer movimento militar, conforme documentos estratégicos revelam. Este período de crise pré-conflito é descrito como um lapso prolongado de hostilidade potencial, incluindo ciberataques e tentativas de desestabilização.
O governo venezuelano tem respondido com a mobilização de sua Milícia Bolivariana, criada para defender o país contra ameaças externas. Os documentos militares indicam que o governo planeja ações sistêmicas que podem incluir operações terrestres e aéreas limitadas, visando desgastar as forças americanas em um conflito assimétrico.
Milícia Bolivariana e doutrina militar
A Milícia Bolivariana, incorporando a população civil à defesa nacional, tem visto um aumento significativo no número de membros, de 1,6 milhão em 2018 para 5,5 milhões em 2024. O objetivo desta força não é apenas duplicar o poder das Forças Armadas, mas também criar uma rede de resistência territorial através do conhecimento local.
Esta abordagem reflete uma doutrina militar que busca aproveitar a guerra assimétrica e a mobilização popular, criando um cenário em que os cidadãos podem se tornar protagonistas na defesa contra qualquer agressão externa.
Implicações futuras do conflito
A incerteza paira sobre os próximos passos dos EUA e como isso afetará a resposta do governo venezuelano. A estratégia da CIA traz uma nova dinâmica ao conflito, tornando-o menos previsível e mais flexível. Ao mesmo tempo, as ações do governo de Maduro têm se focado na mitigação de protestos sociais e na manutenção da unidade das forças armadas, apesar da pressão externa e interna por mudanças.
O especialista em Venezuela, Pablo Uchoa, aponta que a inclusão da CIA pode oferecer ao governo Trump novas ferramentas para escalonar ainda mais a pressão sobre Caracas, ampliando os riscos envolventes em um cenário já volátil em toda a região.