Crise em Andalucía: Corrupção e Saúde Sob o Olhar Crítico
No último debate do estado da comunidade, realizado no Parlamento da Andaluzia, o presidente Juan Manuel Moreno enfrentou a oposição em meio a um clima político conturbado. O foco da discussão girou em torno de dois assuntos centrais: a saúde pública, especialmente a gestão dos exames de câncer de mama, e a corrupção associada à sua administração.
Moreno, que já havia defendido sua gestão em outubro, afirmou que "a Andalucía funciona". Contudo, durante o debate, ele foi colocado contra a parede pela oposição, que o acusou de utilizar a saúde como um ponto fraco para sua administração. O presidente negou com veemência a privatização da saúde pública, enquanto anunciava a implementação de um novo protocolo para mulheres com alta suspeita de câncer de mama, em que todas as etapas de exames seriam realizadas no mesmo dia. No entanto, ele não detalhou como isso seria viável.
Um aspecto importante que emergiu do debate foi a crise de credibilidade que Moreno enfrenta, impulsionada por alegações de corrupção. Com a recente prisão de José Luis Ábalos, um ex-líder do PSOE, a oposição aproveitou a situação para questionar a inação de Moreno diante de casos de corrupção que envolvem seu partido, especialmente no contexto da má gestão de contratos durante a pandemia.
A porta-voz do PSOE na Andaluzia, María Márquez, interpelou Moreno sobre quando ele tomou conhecimento das irregularidades e por que não atuou desde que os casos foram reportados, sugirindo que sua administração tapava a corrupção existente. "Você está escondendo os casos enquanto nós os combatemos", acusou.
O debate também foi marcado pela atenção focada nos erros ocorridos nos programas de triagem para câncer de mama, que deixaram milhares de mulheres sem informação adequada sobre suas condições de saúde. As críticas fervorosas da oposição destacaram que a gestão de Moreno estava em desacordo com as promessas de transparência e eficiência.
O presidente, em sua defesa, alegou ter agido rapidamente após as denúncias e procurou inverter as críticas, ressaltando os escândalos associados a membros do PSOE, embora admitisse não se sentir à vontade ao abordar tais questões. Ele alega ter aumentado significativamente o orçamento para a saúde pública durante sua gestão, um argumento que foi contestado pela oposição que insiste na ideia de que a saúde está sendo comprometida.
A resposta de Moreno se concentrou também na importância da imigração para a economia andaluza, contrapondo seu modelo de "imigração controlada" ao que classificou como as "portas abertas" do governo central liderado por Pedro Sánchez, reforçando seu posicionamento em meio a um cenário político cada vez mais complicado.
Desse modo, o futuro de Moreno está em jogo, especialmente considerando a proximidade das próximas eleições regionais. A necessidade de lidar com a crise de saúde e a sombra da corrupção restam como preocupações centrais para a política em Andalucía, enquanto a oposição se prepara para explorar essas questões em sua campanha contra o governante.