Uma nova pesquisa sobre a vacina experimental ELI-002, destinada a tratar cânceres recorrentes, especialmente os de pâncreas e colorretal, revelou resultados encorajadores. Em um ensaio clínico de fase I, os dados fornecem indícios de que os pacientes que responderam ao tratamento não só viveram mais, como também permaneceram livres da doença por períodos mais longos do que a média esperada.
Desenvolvida por equipes da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York, a vacina ELI-002 apresenta potencial significativo para se tornar uma solução no combate a esses tipos de câncer. Os resultados preliminares, publicados na revista Nature Medicine, mostram que aproximadamente 85% dos participantes da pesquisa geraram uma resposta imunológica a mutações específicas associadas ao câncer e tiveram sobrevida superior ao esperado.
O estudo envolveu 25 pacientes – 20 diagnosticados com câncer de pâncreas e 5 com câncer colorretal – todos submetidos a tratamentos padrão previamente, e cuja condição incluía células cancerosas residuais em circulação. Durante o ensaio, os participantes foram administrados com seis doses da vacina ELI-002, direcionadas aos gânglios linfáticos, sendo que metade deles também recebeu injeções de reforço. O estudo encontrou que os pacientes diagnosticados com câncer de pâncreas sobreviveram, em média, por 29 meses após a vacinação, com um período médio sem recorrência da doença de 15 meses.
O objetivo da vacina ELI-002 é treinar as células T do sistema imunológico dos pacientes para atacarem células que apresentem a mutação no gene KRAS. Esta mutação é um dos principais impulsionadores do crescimento de células cancerosas e é amplamente encontrada em tumores sólidos, especialmente nos cânceres de pâncreas e colorretal. Uma das grandes vantagens da ELI-002 é a sua natureza "pronta para uso", ao contrário de outras vacinas que precisam ser personalizadas para atender ao perfil individual de cada paciente.
Apesar das promissoras evidências, os especialistas alertam que os ensaios de fase I não têm como objetivo estabelecer a eficácia definitiva de um novo tratamento. Portanto, mais pesquisas são necessárias para validar esses resultados iniciais. Somente neste ano, outras vacinas terapêuticas também apresentaram dados encorajadores em ensaios clínicos, sinalizando um progresso potencial no desenvolvimento de vacinas contra câncer.
O próximo passo para o ELI-002 envolve um ensaio clínico de fase II, já iniciado, que abordará uma versão atualizada da vacina, chamada ELI-002 7P, que pretende cobrir uma gama ainda mais ampla de mutações do gene KRAS, com os resultados esperados para 2026. Se os resultados se manterem positivos, essa vacina poderia se tornar um tratamento padrão, beneficiando uma grande quantidade de pacientes com câncer de pâncreas e colorretal, estimando-se que poderia ser aplicada em até 90% e 50% desses casos, respectivamente.